domingo, 24 de março de 2024

no inicio do dia

A poesia que me inebria vem lá do quintal alguns dizem que é a cotovia outros que é pardal . Eu só sei que sinto este belo astral da bendita aurora

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

NO CONFLITO, CALO OU GRITO?

Por que dizer “eu te amo” ? “Te amo”, eu digo ou esta certeza guardo comigo? as palavras geram expectativas que podem gerar frustrações desconfortos ou desencantos, desgastes ou desilusões? não digo nada, por isso opto pelo silêncio, escolho escutar o que pode estar e-vidente para amar sem compromisso? "Não use demais a palavra..." "evite ser redundante!" E eu guardo aqui comigo esta chama inebriante Parece gostoso amar assim, levantar e pensar nela escrever um versinho, oculta-mente cultivar uma flor, ou contemplar a vida da janela.. Porém de algum canto vem talvez de dentro, do porão um silencio barulhento silencioso trovão E o outro eu em mim inquieto se agita "eu te amo", quase grita. mas sufoca-se e nada sai. Nada expresso, nada digo. só guardo tudo comigo. . abafo o que fundo suspira uma voz quase implora: Deixe eu falar, EU TE AMO, somente aqui e agora

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

No dia de São MIguel

São Miguel, meu patrão Me diga então qual é o caminho? _ah, o caminho mais nobre A gente descobre Ao caminhar sozinho. Mas, São Miguel Não é muito cruel Não saber pra onde ir? -Mas caminhe, só comece o caminho aparece assim que você partir Em horas de prece, eu converso com meu anjo protetor. E hoje é dia de São Miguel, Michael, Michel e todas as variantes em vários idiomas. Este nome tem se tornado um dos nomes mais populares não somente no Brasil, em que aparece no topo dos nomes mais registrados ultimamente, mas também no exterior: Michael nos Estados Unidos e na Irlanda figura entre os vinte nomes mais populares. O nome Miguel ( e seus derivados em outros idiomas) é um nome que origem no Hebraica, Mikael, que em aramaico é Mīkhāʼēl , que significa “quem é como Deus?” Este nome teofórico pode ser lido como uma pergunta retórica, cuja resposta seria “ninguém é igual a Deus (EL). Em Latim a pergunta é Quis ut Deus? No entanto, o nome Miguel também é interpretado como “Aquele que é semelhante a Deus.” Na infância, eu devia ter uns 4 anos, meu primo foi convidar meu irmão mais velho para sair para pescar e como argumento disse “Vamos, o Miguel também vai¹”. Eu, ouvindo a conversa, disse “Eu”?. E ele, “Você pensa que só tem um Miguel no mundo, é o Miguel da Cristina” ao qual respondi que eu era o Miguel da Cristina, pois minha mãe também era Cristina. Aprendi que não havia somente um Miguel , nem somente uma Cristina no mundo, mas estes nomes eram especiais e continuam especiais até hoje. Sempre gostei muito do meu nome e quando criança achava que tudo que tinha Miguel no nome estava relacionado comigo, até o Bairro São Miguel no interior de Campo Alegre. Os nomes de poetas, escritores, políticos tudo a ver. Ate hoje, porém é um nome especial. Nas cidades em que visito quando sei de uma igreja São Miguel, procuro conhecer. Nas lembranças, entre tantas, estão San Miguel de Tucuman da Argentina, Saint Michael Cathedral em Toronto e Michelsneukirchen na Alemanha, de boas inspirações. Que São Miguel continue nos protegendo e inspirando...

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

A CAMELIA NO CAMINHO

Quem passa por esta estrada não pode ficar isento do súbito sentimento com a bucólica visão: em frente à casa velha aquela linda camélia em completo consenso com todo o ambiente neste tom, tão intenso toda viva, colorida revelando que há vida mesmo estando no chão. Ah, como ela se derrama! se espalha, se esparrama em suave harmonia espelhando calma nostalgia inspirando tantas lembranças de quando éramos crianças soltas, para sentir emoção para viver a mensagem a flor que morre e renasce talvez prestando homenagem a quem um dia a plantou para depois partir mas que continua a florir em outra dimensão: assim é a camélia que soltou-se do galho desapegou-se do pé desceu leve à terra e um ciclo se encerra. Não foi nem o vento nem mesmo o orvalho apenas o cumprimento de sua nobre missão. Ah, este ensinamento, Cá, carrego comigo nas profundas veias vivas do coração. (Texto: Miguel Nenevé foto do facebook: Irineu Woitskovlsi Junio}

sábado, 13 de maio de 2023

SUBINDO A JATUARANA

SUBINDO A JATUARANA Devagar, porque não sei Onde quero ir Há entre mim e os meus passos Uma divergência instintiva Há entre quem sou e estou F Pessoa – A de Campos) Vamos então, mana, percorrer a Jatuarana! Subir a longa avenida, sentir o que há de vida. Agora no fim da tarde quando o sol já não arde nestas calçadas estreitas imprecisas ou mal feitas iremos apenas caminhar conhecer seus vários odores talvez até sentir dores da pessoa fatigada que já não sente nada , em pura anestesia o Eliot já advertia a cabeça na bandeja ah, que nunca seja esta minha canção nem aquela do Alfredo não revelarei segredo e nem pretendo fingir querendo apenas sentir a vida tenra e crua desta minha rua sem missão ou promessa nem pressão nem pressa apreciar os preços de lojas e seus adereços Ouvir o chamado de sereias “olha as blusas, calças, meias chegue!”, a moça diz sorridente cansada, meio inconsciente - Não, agora não preciso mas gostei de seu sorriso, um perfume de vestido me deixa meio perdido? subindo na contra-mão ruas e rimas sem razão? Passa um casal apressado conversando animado. várias vozes, velhas melodias nas múltiplas pizzarias - Hoje não, na semana que vem se estiver com alguém. outro rosto anestesiado espera o ônibus lotado Um cão perambulante caminha mais vibrante: há um resto de comida na sacola esquecida hum, a hora é chegada de soltar lixo na calçada entre atores e atrizes há os loucos felizes Imitando uma autoridade importante na cidade. Sobras de vidas ruas varridas vidas variadas Louvada seja a dúvida bendito o indeciso caminhante Narciso O que é mais nobre para a alma manter a mente calma para eludir a decisão ou iludir o coração? Já nem se quer saber o o que vai acontecer Uma mirada distante me deixa confiante para logo me perguntar: onde mesmo quero chegar? Será que perdi o rumo? Faz bem ouvir o Rumi “Continue a caminhar embora não haja lugar pra onde deva ir” Ali na próxima esquina talvez uma alma divina me traga inspiração para mudar de direção ou afogar-me em mil e quinhentos e tantos argumentos Viva a paisagem humana da avenida Jatuarana!

quarta-feira, 19 de abril de 2023

PESSOA(L)MENTE

PESSOA(L)MENTE Vem sentar-te comigo, Marta sob uma árvore antiga leiamos aquela carta como uma velha cantiga... Juntos viajaremos por linhas desbotadas misteriosas, carregadas de história, pó e poesia. Ah, ali está recluso uma poema só para ti o primeiro que escrevi, sentimental, medroso confuso. Treze , quase quatorze anos acreditava no amor devaneios, sonhos enganos tudo bem escondido na alma adolescente. Nem conhecia Pessoa, apenas de Abreu, Varela e o de Azevedo para inflamar a paixão misturada com medo de entregar para ela: receio da punição. Não tive a ousadia deixei tudo guardado ninguém mais sabia. Foi um dia descoberto Ah, a minha irmã, curiosa, por certo em certa manhã o esconderijo acharia criei uma historinha, enganei, menti, inventei que a letra não era minha, que era de um amigo, mas tinha por acaso ficado comigo... por descuido ou descaso Então já não seria de preocupação, de conversas ou uma de delação nem de coisas adversas Assim sobreviveu a carta muito bem, guardada... com o poema apaixonado para ti, Marta. Anos e anos ali mudou de endereço, de significado Até que um dia animar-me ia ... A irmã foi Voou em viagem celestial Mudei, mudaste, mudamos Já foram tantas paragens A carta e o poemas, descoloridos.. ainda incendeiam lembranças ah, este amor de criança esta crença na pureza, envolvidos em segredo receido de punição... só hoje descubro, não foram em vão.. Vem, sentar-te comigo, Marta debaixo do marmeleiro. Juntos, falaremos de tudo até do amor primeiro ali, esqueçamos os problemas leiamos muitos versos, e lembremos da Lidia, do poeta maior e mais que tudo, falaremos de cor versos e rabiscos , o primeiro poema e tudo que escrevi só para ti. Vem sentar-te comigo, Marta brindemos esta paisagem farta Fitemos no leve vôo das aves e pensemos, que mais vale sermos doces e suaves Já que tudo se esvai para um céu bem distante nada permanece entao vivamos o instante. e como numa prece.. contemplemos as nuvens de mãos enlaçadas vistamos a beleza natural de campos fascinantes dos tempos do Pirizal! Vem sentar-te – comigo sem o tédio da solidão e assim, se um dia eu for para aquela escuridão lembrarás do marmeleiro cheio de sombra, de vida e de sábia inspiração Texto: Miguel Nenevé. Foto: Angelo Nenevé

sexta-feira, 7 de abril de 2023

SEXTAS- FEIRAS SANTAS FORAM TANTAS...

 


Tempo de parar para meditar, tempo de cuidar-se, deixando de lado a correria e voltar para dentro, para o interior, para nosso interior e engajar-me no poder da oração que nos conecta conosco mesmos, nossas crenças, nossa vida diária e nossa vontade de melhorar um pouco cada dia... Ao me recolher, ao conectar-me, inevitavelmente, algumas lembranças lá da infância martelam minha mente, sem perturbar a paz...Longos anos atrás.... Tempo em que o ano se dividia para mim em antes e depois da Sexta-Feira Santa, Dobry piątek, um dia muito marcante naquele interior do planalto catarinense.

“Na Sexta-Feira Santa, eu lhe procurei, fui à sua casa, mas não lhe encontrei”, era a música de minha infância e adolescência.” Aquelas sextas férias Santas que em nosso meio familiar, como em toda a comunidade de educação polonesa, nem se ouvia música profana. Ouviam-se, sim,  aquelas músicas que lamentavam a condição humana, de homem pecador. Lembro-me bem de uma música cuja letra dizia “Pecador agora é tempo de pesar e de temor. “ Deixando bem que todos eram pecadores, e que tínhamos que lutar, pois havia, claramente uma briga entre a carne e o espírito (The flesh and the soul como no poema da puritana americana Anne Breadstreet).  Tudo girava em torno do pecado e da penitência. O jejum era certo para toda a família e o dia ficava bem plongado, como aquelas batidas do sino. Deixar de ir à igreja, jamais!!!! Na Vila de Bateias de Baixo, havia adoração desde madrugada. À tarde eram as cerimônias mais longínquas e pesadas. Mas ninguém da vila ousava faltar. Lembro-me de pessoas vindo de longe, agricultores de todos os arredores. Muitos ficavam do lado de fora, porque a igreja local não suportava todos que queriam participar das cerimonias de Jesus Morto. Havia aquelas leituras da paixão, bem completas, prolongadas, com vários leitores representando personagens do evangelho. Depois vinha a via-sacra em  procissão pela estrada de barro ou macadamizada. A cada estação parava-se, para ajoelhar-se nas pedras e pedregulhos soltos da estrada. Eu me perguntava se era só eu que sofria com dores no joelho contra as pedras da estrada. Ninguém sofria de problema no joelho ou na coluna? Ou faziam de conta que se ajoelhavam, mas não tocavam o chão? De alguma forma havia uma fé que lhes foi transmitida. Fé e certa disciplina ou certo temor, afinal era tempo “de pesar e de temor”. O que consideramos hoje práticas não virtuosas, eram pecados  Quando a procissão acabava, já quase no escurecer do dia, entrava-se na igreja para dar um ósculo em Jesus morto e depois, finalmente voltar para casa.

No sábado já se podia cantar qualquer música, podia-se comer carne e não se precisava mais ir à  procissão. Era só preparar o ninho que o coelhinho vinha na certa. Coelhinhos e ovinhos de Chocolate do Buschle e cascas de ovos coloridos recheados de amendoim ou castanha caramelizada. Sempre valia ter passado pela prolongada Sexta-feira Santa.